Sardinha não harmoniza com coerência.
- Anderson França, Dinho
- 30 de ago. de 2018
- 3 min de leitura

Hoje eu dei uma variada suburbana na dieta, e lancei uma SARDINHA em lata, com um teco de farofa e uns tomate que tava na geladeira, não lembro de ter comprado, agradeço a Nação Brasileira para a honra e glória do CEO Jesus por ter encontrado um tomate aprazível nessa tarde de sábado friosa. Lancei um hashi pra qualificar o currículo. Inglês fluente, hashi fluente.
Definitivamente, sardinha só é bom com macarrão. Repassem.
E não qualquer macarrão. Macarrão GALO. Amália. Petybon. Aqueles que é 2 merréis o kilo, ainda ganha uma escumadeira de plástico. Que queima e derrete na primeira vez que tu frita batata.
Aqueles macarrão que tu faz na panela velha, que falta uma alça, aí tu pega a ponta da camiseta e cobre a mão pra poder tirar e escorrer na pia, cheia de lossa, a água meio suja sobe, mas ESTAMOS LAVANDO O MACARRÃO CERTO, NÃO TEM CÂMERA NA COZINHA, o Instagram ainda não chegou na minha pia.
Aquele macarrão que tu joga na panela com água, aí os brincante de Master Chef de Bangu joga um sal e um óleo Lisa (Lisa, hahaha, CARGILL, diesel), aí o macarrão gruda uns maço, fica duro, tu tem que cortar depois com a faca de manteiga (manteiga, HAHAHAHAH, Claybom).
Macarrão amarelo-branco. Aí fica meio no estado sólido, meio no estado pastoso. Dá pra comer ou rebocar muro. Joga um molho de tomate do pacote de 1 real, água e tinta, fica aquele bagulho vermelho sólido-pastoso massa de rejunte.
Eu sei que você sabe que macarrão é esse. Então. Esse.
A sardinha só tem sabor COM ESSE MACARRÃO. A sardinha precisa desse macarrão para dar sentido a sua contribuição alimentar, tanto quanto Alkimin precisa da coligação com o Centrão pra sua campanha.
Senão fica sem gosto. O Alkimin, e o Centrão. Na verdade, até juntos ficam sem gosto. Mas nós não estamos falando de uma receita do Alex Atala aqui, certo?
Essa é a verdadeira cozinha brasileira. O macarrão que HARMONIZA COM A SARDINHA. Você tem paladar pra vinho que harmoniza com queijo brie. Eu tenho paladar pra harmonização macarrônica com sardinhas e salsichas.
Mas aí, não posso mais essa tara, essa brincadeira, essa catucada, esse, esse, bagulete, esse safadear do nosso consagrado.
Diabete, viade. Só posso macarrão, e integral, e 200 grama, de 15 EM 15 DIA.
E louve.
Daí que lancei esse prato de verão. Pensando em camarões a termidor com cogumelo shitaki e farinha crocante de mandioquinha guandu.
Sem gosto. Uma merda. Mas eu nasci em 1974. Jamais que você vai me ver deixar de comer uma coisa safada só porque não tem gosto. Eu nasci na ditadura. Tinha que agradecer quando tinha feijão no mercado, e ninguém era enforcado antes do meio dia. E eu não fiquei diabético sendo amador. Lembre-se. Eu sou PRO. Tenho registro.
E Madureira, minha cachorra, aprovou. Como você pode muito bem verificar, nessas duas cenas pitorescas e cotidianas na minha vida - as de não poder comer NADA nessa casa sem o desejo ardente da cachorra de comer também. Antes de morrer vou botar uns pedaço de alcatra frito no pote dela, e vou ajoelhar, pra gente comer junto, que eu acho que isso sim ia realizar ela.
Então, pra quem pode, deixo a receita: Sardinha, macarrão.
Dá pra comer todo dia? Amor, tem gente que era carne e agora é a própria navalha. Tem gente que não tem medo do perigo, porque é o próprio perigo. Se tá com a saúde ok, só te digo isso: mergulha. Mande lembrança ao macarrão por mim.
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