Mulheres versus Punhetinhas de Bolsonaro.
- Anderson França, Dinho
- 18 de set. de 2018
- 3 min de leitura
Li uma acadêmica, num post, dizer que esse negócio de grupo de Facebook não ia dar em nada. Puta merda. Como eu gosto de sentar numa varanda e acender um cigarro do tamanho do meu braço enquanto assisto a parábola desenvolvida pelo cuspe que volta exatamente no meio da cara de um acadêmico que, quando cospe, não apenas o faz pro alto, mas precisa de platéia. Deslegitimar o movimento de dois milhões e meio de mulheres é sentir muito iluminada, ou iluminado, perceba, parceiro.
Você fez um TCC dizendo que ia dar em nada. Mas deu.
O grupo de Mulheres Contra Bolsonaro acertou no nervo mais inflamado e frágil da campanha do ex-capitão que não sabe fazer flexão. Os filho do cara saíram desesperados procurando nos grupos de chan quem poderia fazer Hoax e expor mulheres, ameaçar e tomar o grupo.
Isso tudo é feito por pequenas redes de caras cristalizados na adolescência, brancos e não correm uma quadra, sem ter um enfarto.
Todas as pesquisas sobre os perfis de gamers brasileiros apontam para o envelhecimento da geração que, em 2002, estava adquirindo o primeiro XBox. O eleitorado de Bolsonaro é formado por uma pirâmide de homens que compartilham uma mesma dificuldade de acompanhar o mundo sem a presença de uma tabela do Brasileirão. Caras que nós, outros homens, não tínhamos o costume de nos relacionar, dada a imaturidade e a incapacidade de virar uns 20 kilo de cimento e um balde d'água numa tarde quente de quarta-feira, em Realengo. Os homens de Bolsonaro são como ele. Caricaturas de homens. Eles não conseguem o poder, eles gritam. Eles não sabem vencer, eles roubam. Mas eles não sabem resistir, então eles fogem. Eu cansei de ver esse tipo, e, se eu passasse o rodo como instituto de pesquisa, provava. Quase 80% dos meus amigos de infância e adolescência votam em Bolsonaro. São, nessa ordem: militares, uberistas, taxistas, crentes, suburbanos e favelados que, vivendo na mesma época que eu ou um pouco depois, não tiveram acesso fácil a estudo crítico. Eu não sou regra. A regra é dar merda. E deu. Mas mulheres decidiram abrir um grupo. O principal lugar de disputa narrativa dos caras é a internet.
Os gastos de internet da campanha de Bolsonaro são maiores que de qualquer outra campanha. Eles compram sites, patrocinam pessoas, pagam posts, compram bots, bombardeiam milhares de grupos de zap, pagam mulekada jorge de chan (pesudo-hackers que passam o dia se gabando de alguma merda na internet e sabem fazer um ou dois truques digitais), e ao saberem que DOIS MILHÕES E MEIO DE MULHERES tiveram engajamento ORGÂNICO, sem patrocínio, eles simplesmente surtaram. Ocorre que essas mulheres irão pras ruas.
Eles atacaram um grupo, elas abriram outros CINCO. Expuseram a campanha negativamente pro mundo inteiro. E a campanha de Bolsonaro não suporta mais que alguns dias com o mesmo comportamento de rir dos opositores. O riso demonstra cada vez mais desespero, e a munição já acabou, na verdade. O golpe interno de Mourão no capitão-palhaço já está pronto. Nós não sabemos ainda o que vai acontecer, mas mulheres ocuparam um espaço antes ocupado hegemonicamente por homens frustrados de direita: Os holofotes do mundo. É nitido o impacto pesado nos meios de comunicação da campanha de Bolsonaro, e eles não possuem plano B. Não possuem dignidade para estabelecer diálogo e não saberão resistir a uma virada nas opiniões em massa de eleitores. O caminho para eles será o retorno a punheta. A vocação para usuários solitários de XVideos que, por um momento da vida, foram elevados a condição de vilões. Mas até pra ser vilão, tem que ter competência. As mulheres já estão impactando essas eleições.
Viva o povo brasileiro.
Adorei o site ! Parabéns
Continue firme!!!