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Catra, a perda, e a difícil presença.

Um dos fatores que agravou o estado de saúde de Catra foi a presença da diabetes tipo 2. Obviamente, ele seguia o tratamento para o câncer gástrico, mas os médicos verificaram a pré existência da diabetes, quando diagnosticado do câncer. Catra mesmo afirmou que algumas vezes largava o tratamento da diabetes, e comia de tudo. No que muitas pessoas podem chamar isso de descaso com a doença, eu chamo de cansaço, sensação de impotência e a difícil presença de uma doença que vem, encontra espaço, se espalha, dá trabalho, não cansa, não dorme, não tira folga, não cessa, e faz a gente girar em torno dela. Eu entendo o Catra. O tratamento da diabetes, além de ser pra vida toda, exige de nós um tipo de disciplina que fatores emocionais, a rotina, o cotidiano parecem lutar contra. Não é fácil controlar uma doença que pode ser agravada nos rituais de alimentação diários, ou seja, cada refeição, um risco. Eu estava no NorteShopping e vi que um salão oferecia um tipo de tratamento de cutícula para diabéticos. É isso. Precisamos ter cuidado para não nos ferir. Porque demora mais a cicatrizar. Viramos um vidro. Cuidado com a comida, com o sono, com o corpo, com os cortes, com a idade. É uma doença que mata, muito antes de morrermos. Aos poucos, cansamos. Muitos de nós não nos adaptamos a esse fardo, e largamos. Alguns, pagam o preço. Hoje, dia da perda de um professor da minha geração, reforço o pedido: cuidem-se. Se homens, reforço o pedido: cuidem-se. A diabetes será o grande mal desse século. Salve Catra. Herói é quem tenta.

 
 
 

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Pelo escritor Anderson França.

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